quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Na mesinha de cabeceira (4)

Nada como voltar a ler algo empolgante para nos enriquecer o espírito. Assim regresso à rubrica "Na mesinha de cabeceira".

Desta vez regresso com um romance de Inês Pedrosa, de que já muitos muito me haviam falado.

Não sendo nem fã nem crítica da autora parti para a leitura vítima unicamente das expectativas criadas depois de muitos já me terem falado dele.

Recebi-o de prenda de aniversário e em três dias estava lido. É escrito como se fosse um diálogo entre um homem e uma mulher (de duas gerações diferentes, 15 anos os separam) que nunca chegaram a ser amantes. Ela morreu, ele vive. À distância da ausência, ouvem-se finalmente. Ao contrário do que se possa pensar não é um livro sobre a morte é um livro sobre um fascínio mútuo entre duas pessoas tão diferentes (e no livro vão-se descobrindo as qualidades, mas sobretudo os defeitos de cada um).

Dois excertos:

Ele:

"Permanecias imune aos meus exercícios de charme. Para te dizer a verdade, eu não estava habituado a que as mulheres resistissem ao magnetismo natural dos meus olhos azuis. O dom da minha beleza, que tanto me complicara a vida, deixava-te indiferente - a ti, uma rapariga de modestos dotes físicos, tricotadeira de barcos à vela e teorias da emancipação. Eis o que me intrigava."

Ela:

"Sei que não me ouves; se me ouvisses escolherias, por exemplo, outra fotografia - estou tão pouco nessa que escolheste agora para a tua cabeceira. Rio-me em excesso - sou só dentes, e tenho uma camisola pavorosa, às bolas coloridas.A magreza complexava-me, punha tudo o que me arredondasse as formas. Mas tu gostavas de me fotografar nos piores ângulos, nas piores situações: com a boca cheia, ou a sair do banho, com o cabelo em pé ou a acordar, remelosa. Quando íamos à ópera e eu punha o meu melhor vestido nunca me fotografavas, nem a pedido. "Chama um fotógrafo da Hola", dizias. "Eu cá não sou especialista em princesas delambidas.""

4 comentários:

Raio de Sol 18 de dezembro de 2008 às 18:25  

Excelente escolha! :)
Já o li e gostei muito. Gosto da Inês Pedrosa - da forma como escreve, das ideias, da sensibilidade que tem e transmite.
Mais ainda do que este livro amei "Nas tuas mãos". A não perder.
Ah!! É tão bom um bom livro!!

Unknown 18 de dezembro de 2008 às 20:57  

tb ja li! e tb gostei!!

se quiseres outro dela acho que tenho e posso emprestar, cm é obvio!

***
I.

Mafalda 18 de dezembro de 2008 às 22:28  

ahhhhhhhh
como eu AMO esse livro!!!

Moura Aveirense 19 de dezembro de 2008 às 23:00  

Um livro muito, muito tocante...

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