De como caí de pára-quedas neste Piquenino Planeta
Por vezes gosto de fazer um exercício de memória. Não daqueles de números e figuras para manter os neurónios e afastar o dr Alzheimer, se bem que também precise muito desses, mas algo de diferente.
Gosto de recordar o dia em que conheci alguém. Pode não ser exactamente o primeiro dia em que vi essa pessoa mas o dia em que reparei nela. O dia em que se tornou de facto parte da minha vida. É um exercício interessante que recomendo a todos. Temos por vezes surpresas. Quantas vezes nos enganámos numa primeira impressão? Quantas vezes acertámos à primeira na “fotografia” que tirámos?
Conheci a Piquenina há alguns anos. Estava no processo de conhecer gente nova, os “amigos da namorada”. É sempre uma altura engraçada, quando descobrimos que, com aquela pessoa muito especial que entrou na nossa vida, veio um conjunto inesperado de pessoas que não fizemos esforço algum para conhecer e de repente ali estão a dar-nos as boas vindas ao “seu grupo”. Família, amigos da escola, amigos de infância, amigos da vizinhança, tanta gente, tantas caras e nomes para recordar (e a minha memória, tão pouco elástica). Beijos e apertos de mão. “Como é que se chamava mesmo aquele teu amigo?” “Quem era aquela tua amiga?” “Aquele primo é do lado do teu pai ou da tua mãe?” “Vou ver se não me esqueço” “Vou tentar lembrar-me”.
A Piquenina estava sentada a uma mesa de uma casa de chá em Sintra (não me perguntem qual, já vos falei da minha memória?) quando chegámos. Apresentados e conversa em rumo notei que estava perante alguém diferente do habitual. Palavrosa, verborreica e bem disposta. Vivaz, como ainda há pouco tempo lhe chamei. Interesses diversos, intelectualmente estimulantes associados a anedotas e gargalhadas. Música contemporânea, cinema, literatura. De tudo um pouco se falou naquela tarde. Mais uma vez “quem era aquela tua amiga?” desta vez acompanhada inconscientemente por um “reservar uns neurónios extra”. Poucas vezes a primeira impressão foi tão nítida. Poucas vezes foi tão definitiva.
Há pessoas que vale a pena conhecer. Pessoas que, pela sua simples existência nos tornam a vida mais interessante. Pessoas que não podemos deixar fugir mundo fora. Graças à bendita tecnologia conseguimos com mais ou menos esforço continuar a pescá-las com regularidade para a nossa “beira”. Orgulho-me de conhecer um pequeno grupo de pessoas muito especiais que me enriquece a vida. Mais ou menos íntimas, isso até nem importa muito. Importa sim que existem, e que graças a elas, e mesmo que por vezes não o percebam, o mundo à sua volta fica um pouco melhor. A Piquenina tem um lugar nesse grupo.
[Luís R]
3 comentários:
Em primeiro lugar renovo os votos de boas vindas! É sempre bom receber amigos no nosso cantinho especial! Amigos que nos descrevem assim, ainda mais. Pode parecer culto de personalidade, mas o que gostei especialmente neste post é o exercício anti-Alzheimer que está subjacente. Lembro-me desse encontro e lembro-me da casa de chá (mas não do nome) que no entretanto já mudou de gerência e já não está como a conhecemos.
Desse tempo guardo tudo, especialmente esta verborreia infinita!
Bjinhos Luís e um Feliz Natal!
Bem eu já nem com o exercício anti-Alzheimer lá vou. Já foi à tantos anos...
Sei que a primeira impressão foi "Acho que não me vou dar bem com esta gaja!" Mas a tempo provou o contrário...
Lembro-me muito bem quando pela primeira vez disse o que sentia e chorei ao pé dela, a festa que ela fez porque eu lhe tinha dado um pouco do meu interior.
A partir daí foi sempre a "DESCER", ao ponto partilhar com ela o planeta em que vivemos.
Muitos beijinhos...
eu tb me lembro do primeiro dia que conheci a piquenina... Será que ela também se lembra? Que terá pensado ela de mim? Dela achei logo que era uma pessoa simpática, com o decorrer do tempo passei a adorá-la... O resto é entre mim e ela ;)
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