sexta-feira, 31 de outubro de 2008

For now there is no better song to describe where I'm going for the weekend



I know somewhere
There is a party going down
Interesting people
Conversation to be found
I've lived in cities
Where there is no solitude

I've made some friends here

That I hope I never lose

But, for now I want to stay in this quiet town
The neighbors on my block
They've got stories to tell
This is the grocery
But, once was a hotel
And Mr. Driskle he just stands there
With his smile Inviting everyone he sees
To come inside
This is the life I want to live in a quiet town

Ohhhh Sometimes I miss the show
I learned a long time ago
Ohhhh Sometimes I miss the show
I learned a long time ago



Come Sunday morning
There's a market on the square
Children are playing
Bells are ringing in the air
Old men are drinking
It's a lazy afternoon
Content with thinking
That there is nothing to do


But, for now
I'm going to stay in this quiet town
In this quiet town
In this quiet town


Josh Rouse

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

The Portuguese Patient

Se:

1) fosse no Norte de África (dispensava a Segunda Guerra Mundial) e

2) houvesse um Laszlo de Almásy,

eventualmente até não seria de todo mau e eu não me importaria de ser a doente inglesa, portuguesa, de Puka Puka ou até mesmo do Burkina Faso.

Como não há conde algum e a localização também não é a mais apetecível, estar doente ABORRECE-ME. Assim vou anotar e da próxima vez a ver se não me esqueço de:
1) viajar primeiro,
2) encontrar o conde
e adoecer depois.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Poemas que vivem na Casota da Piquenina (11)


Elle jouait avec sa chatte,
Et c'était merveille de voir
La main blanche et la blanche patte
S'ébattre dans l'ombre du soir.

Elle cachait — la scélérate ! —
Sous ces mitaines de fil noir
Ses meurtriers ongles d'agate,
Coupants et clairs comme un rasoir.

L'autre aussi faisait la sucrée
Et rentrait sa griffe acérée,
Mais le diable n'y perdait rien...

Et dans le boudoir où, sonore,
Tintait son rire aérien,
Brillaient quatre points de phosphore.


Paul Verlaine

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Gomorra

Fui ver o Gomorra. Aqui por terras do Norte há coisas que demoram mais tempo a chegar.

Adiante, há algum tempo que não saía de uma sala de cinema saciada. Desta vez Gomorra tratou-me das carências efectivas.

O filme desdobra-se em cinco histórias decorridas nos locais menos recomendáveis de Nápoles, investindo nas redes de violência, poder e influência da Camorra. Todos acabam por sentir o impacto que a máfia tem no seu dia-a-dia. Como é que cada um lida com isso é o que nos é dado a conhecer. A violência ultrapassa, em muito, os tiros e as esguichadelas de sangue.

Apesar de ser um filme sobre a máfia, não é o típico "filme da máfia". Matteo Garrone que quis filmar como "se tivesse passado ali por acaso", conseguiu-o. Assim Gomorra é filmada ao estilo de documentário, polvilhada de Massive Attack na banda sonora, que lhe assenta que nem uma luva. Falta-lhe (digo eu) a exploração mais psicológica das personagens, especialmente a do costureiro e a do correio de dinheiro mas, às vezes, não se pode ter tudo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Se ela fosse só humana...

Aproveito a saída da minha dona, para vos escrever.

É uma paz quando ela não está aqui na casota!

Aquela miúda deixa-me os bigodes em pé. Se ela fosse só humana, eu até a conseguia entender, mas esta história de ela ser humana com alma de gata deixa-me gatofuso sem precisar de qualquer ajuda do John Cleese & Companhia (cliquem aqui).

Vou explicar tudo desde o início. Ela é, aparentemente, humana: postura bípede, compra a ração, vai ganhar os tostões, trata de todas as tarefas domésticas, limpa-me o caixote...

Até aqui tudo bem, mas depois vêem os outros comportamentos:

1) Espreguiçar: esta miúda a espreguiçar-se é tudo menos humana, caramba como ela se estica, já vi gatas com menos flexibilidade;

2) Ignorar-me: era suposto que no momento em que eu quisesse festas ela mas fornecesse, e LOGO. Nada mais errado, dá-mas quando ela quer e às vezes bem tenho que me esforçar;

3) Abandonar-me: é suposto os donos humanos ficarem cheios de peso na consciência por abandonarem o seu animal de estimação. Esta aqui está-se a borrifar, deixa-me sozinho fins-de-semana seguidos e não está nem aí. Quem fica a miar por ela sou eu;

4) Não me tenta prender: o comum é os donos tentarem limitar-nos o raio de acção, certo? Errado. Deixa-me ir para o terraço a meu bel-prazer e quando eu lhe desapareço da vista, para outros terraços ou sabe-se lá para onde, ela não fica mais de 20 segundos a chamar-me. Eu é que tenho que me mostrar e aparecer;

5) Lutar: nunca tal eu tinha visto, mas esta miúda põe as garras de fora e luta comigo. Puxa-me o rabo, dá-me patadas no lombo, fecha-me na despensa, "caça-me" e expulsa-me dos sítios!

E isto só para dar alguns exemplos.

Podem dizer que eu estou a exagerar e eu digo-vos - OK ela não mastiga ervas, nem anda a atirar-se de encontro às paredes para caçar borboletas e tira os bigodes (acho eu que é só para disfarçar), mas para mim tudo isto é só uma questão de tempo.

No entanto tenho que vos contar um segredo, aqui entre nós, não há colinho como o dela! Hum...

domingo, 26 de outubro de 2008

Pinguins e orquestras!


Recordei me deles!

Gosto de os ouvir em dias acinzentados.

Cliquem aqui se querem conhecer ou recordar!

Gira-Discos vs Mp3 - 20

No Gira-Discos a minha música preferida deste fantástico Senhor! Não está adaptado às condições climatéricas, até porque fala de um Blue Raincoat, mas não resisti!

No Mp3 uma Senhora, mas não daquelas que aparecem nas azinheiras. Esta sim é uma música para um dia soalheiro! Gosto de a ouvir pela manhã, quando o humor permite, para começar os dias aos pulinhos e a dançar! (Apesar de ser uma música antiga, esta versão encaixa no Mp3) Também faz parte da minha banda sonora para tarefas domésticas!

(Se me vissem a dançar isto de manhã, era oficial, iam-me internar sem apelo nem agravo!)

sábado, 25 de outubro de 2008

Miminhos a triplicar

Este miminho foi-me oferecido pelo meu Cucu (O Principezinho).
O Cucu é o meu afilhado, um dos heróis desta vida, um dos homens da minha vida e certamente um vencedor. E quando falo dele, falo também da família que lhe é mais próxima.


As regras deste presente são:
1) O vencedor recebe o prémio e deverá colocá-lo no seu Blog;
2) Deveremos fazer referência à pessoa que nos endereçou;
3) Enviar o mesmo prémio para 7 pessoas cujos os Blogues nos inspiram;
4) Deixar um comentário nos Blogues que selecionamos, para que a pessoa saiba que foi presenteada e quem a presenteou.

Isto não foi assim muito fácil (não consegui "arranjar" 7 blogues):

ADENDA: Depois deste prémio, que o Cucu me enviou, recebi mais dois! Por isso estou em overdose de Mimos! Assim este post, vai deixar de se chamar "Miminhos", para se passar a chamar "Miminhos a triplicar". Obrigado, you made my day!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Simply love it, when she is working!

Porque senão é +/- isto que tenho que aturar!

Calvin: My tiger, it seems, is running 'round nude. This fur coat must have made him perspire. It lies on the floor - should this be construed as a permanent change of attire? Perhaps he considers its colors passe, or maybe it fit him too snug. Will he want it back? Should I put it away? Or use it right here as a rug?

Hobbes: I wonder when school starts.

Bem aventurados os que se riem deles próprios, porque nunca se lhes acabará a diversão!


Gargalhadas.


Altas, sonoras, bem colocadas é assim que as gosto de dar.
Daquelas que começam assim, passam pela fase de um esganiçamento e acabam com os olhos mareados de lágrimas e os braços a tentarem suster os espasmos abdominais.


Isto, às vezes, não é muito bem recebido pelo resto do mundo. A seriedade é sinónimo de competência e o riso sinónimo de loucura, deixa andar, incompetência, etc...



Não gosto do sorriso da Mona Lisa! É dúbio! Gosto de rir com os dentes todos!



Ao que parece, as minhas gargalhadas são contangiantes. Sonoras são de certeza, porque toda a gente consegue saber se eu estou ou não num sítio, pelo grau de ruído que é produzido. No último meio ano, em ambientes diferentes, com gente diferente, já por várias vezes me disseram que, na minha ausência, sentem falta das minhas gargalhadas. Eu acho que sentem falta é da palhaça de serviço, pouco preocupada com a imagem que passa ao resto do mundo. De qualquer das maneiras, gosto de provocar furacões de endorfinas! Gosto de me começar a rir interiormente quando começo a penso nalguma partida para pregar e gosto de me rir, alto e bom som, quando a concretizo!



Para finalizar, eu cá acho que se poderia acrescentar mais uma frase às bem-aventuranças: "Bem aventurados os que se riem deles próprios, porque nunca se lhes acabará a diversão!" (adaptado de uma expressão que ouvi da S.)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Doméstica mas não Domesticada!

Hoje foi dia de ficar pela casota porque, entre vários motivos, o sr. Miu teve que ir à vet.

Aproveito para curtir a imensa luminosidade, e o sol, aqui sentada no "escritório" enquanto vos escrevo. Aproveitei também esta permanência para efectuar algumas tarefas domésticas (que eu pura e simplesmente detesto!).
Mas como a vida é demasiado efémera para grandes tristezas, tento colmatar isso pondo uma "banda sonora" animada e, inevitavelmente, acabo a dançar com a vassoura ou com a esfregona. Quando não "abuso" do meu lado de doméstica, consigo fazer tudo isso e não ficar de mau humor!
Neste momento alegra-me o facto da casota já não parecer o "fim do mundo em cuecas"!




Mas aqui entre nós só gosto da vassoura como meio de transporte. Eu e o Miu!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Os poemas do gato


Os gatos também se alimentam de poemas!


The Naming of Cats - T.S. Eliot



The naming of cats is a difficult matter,
It isn't just one of your holiday games;
You may think at first I'm mad as a hatter
When I tell you a cat must have three different names.

First of all, there's the name
that the family use daily,
Such as Victor, or Jonathan,
George or Bill Bailey—
All of them sensible everyday names.
There are fancier names
if you think they sound sweeter,
Some for the gentlemen,
some for the dames;
Such as Plato, Admetus,
Electra, Demeter—
But all of them sensible everyday names.

But I tell you,
a cat needs a name that's particular,
A name that is peculiar, and more dignified,
Else how can he
keep up his tail perpendicular,
Or spread out his whiskers,
or cherish his pride?

Of names of this kind,
I can give you a quorum,
Such as Munkustrap, Quazo or Coripat,
Such as Bombalurina, or else Jellyrum—
Names that never belong
to more than one cat.

But above and beyond
there's still one name left over,
And that is the name that you will never guess;
The name
that no human research can discover—
But The Cat Himself Knows,
and will never confess.

When you notice a cat in profound meditation,
The reason, I tell you, is always the same:
His mind is engaged in rapt contemplation
Of the thought, of the thought,
of the thought of his name: His ineffable effable
Effanineffable
Deep and inscrutable singular Name.

O que toca no Planeta (2)



Graças à fabulástica Dani, eis o que toca neste momento no Planeta!

"If you don't like it maybe you can pee during this song."

How to confuse flowers!


Calvin: Flowers are pretty stupid.
See, it's a bright, sunny day out, right?
Well, with this watering can, I can make them think it's raining.
It's fun to mess with their minds.

Começa o dia!

O meu dia começa no comboio! Antes disso faço quase tudo em piloto automático, ainda mal acordada, com os olhos semi-cerrados e às vezes soltando todo o meu vernáculo.
Gosto dos dias como hoje, frios mas com um sol bestial.

Aqui no comboio, sento-me, ligo o computador, ponho uma música adequada ao estado de espírito e vou curtindo a viagem!

De vez em quando proporciono momentos agradáveis aos outros passageiros, como quando faço caretas olhando para o monitor, ou quando me esqueço de que há gente à minha volta e vou curtindo a música. Há quem já fique à espera do que vai acontecer.


Tudo isto me faz lembrar outras viagens, de outros tempos, onde na Linha de Sintra eu e o Xico proporcionavamos os melhores momentos da vida diária de algumas pessoas, logo pela manhã.

Ríamo-nos nós e todos os que estavam à nossa volta. Uns tentavam conter o riso, outros sorriam, outros gargalhavam mesmo! Não havia nada que nos deitasse abaixo, e aposto que muitos passageiros ansiavam por aquela viagem, povoada de boa disposição. Eu, com a minha voz baixinha, fazia-me ouvir por toda a carruagem, o P. dormia, o Xico era um companheiro à altura. Ainda agora passados alguns anos desse ritual eu e o Xico nos rimos ao lembrar! Que tolinhos! Aquilo só não era stand-up comedy porque íamos sentadinhos! :D

Agora não há Xico para acompanhar o que, para bem da população em geral, me faz ir caladinha. Mas às vezes a minha expressão facial ainda consegue arrancar alguns sorrisos!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Poemas que vivem na Casota da Piquenina (11)

Nada podeis contra o amor,

Contra a cor da folhagem,
contra a carícia da espuma,
contra a luz, nada podeis.

Podeis dar-nos a morte,
a mais vil, isso podeis
- e é tão pouco.
Eugénio de Andrade

O que toca no Planeta


Eis o que toca, neste momento, no Planeta.

Bom para acompanhar com este dia chuvoso.

Enjoy.

Saint-Germain

Sou uma sortuda!

Apesar de tudo o que foi acontecendo tenho uma vida bestial! Além disso, estou rodeada de gente "fabulástica". Os meus amigos não são normais: 1) têm valores, 2) têm uma atitude (cor)recta na vida, 3) são solidários, 4) são empenhados em construir um mundo melhor, 5) têm muitas vezes um feitio insuportável que os torna únicos!

Apesar disso, não perdi a capacidade de fazer novos amigos e eles vão "acontecendo" um bocadinho por todo o lado onde passo. É certo que só "atraío" os loucos, como eu. So what?


Ao som de Saint-Germain o jantar de Sábado teve um gosto especial. Feito de cumplicidade e sinceridade, de boa disposição, de boa comida e boa bebida.

Por estes e outros acontecimentos, I'm a lucky one!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Poemas que vivem na Casota da Piquenina (10)

Porque é Outono. Porque é segunda-feira. Porque sim.


CHANSON D’AUTOMNE

Les sanglots longs
Des violons
De l’automne
Blessent mon coeur
D’une langueur
Monotone.
Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l’heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure.

Et je m’en vais
Au vent mauvais
Qui m’emporte
Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.

Paul Verlaine

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Gira-Discos vs Mp3 - 19

Porque é muito provável que Domingo não possa fazer a nova edição, antecipei-a!
Este Mp3 é para o meu Cucu e o Gira-Discos para a minha Deizy!
Espero que tenham um fim-de-semana tão bom, como vai ser o meu!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Mi mi mi mi mi mi mi


Sempre que fico aborrecida de estar no lab tento lembrar-me desta personagem.


E acompanho com esta musiquinha! Cliquem AQUI :D

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Poemas que vivem na Casota da Piquenina (9)

A Mãe Sisa pediu mais um.
O Zé continua a "impingir" o LisbonRevisited a toda a gente! (Zé dixit).
E eu continuo a dar largas ao meu pecado de raíz! Com meia dúzia de livros começados, só consigo persistir na leitura de poesia.

Para ela e para ele, e para o vastíssimo auditório (contando assim por alto são 3 pessoas) que por aqui passa, cá vai:

Lisbon Revisited

NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer. Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral! Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!


Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos? Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço.

Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

Fernando Pessoa

Poemas que vivem na Casota da Piquenina (8)

A todas as Sílvias que eu conheço, e são algumas! This is for you girls!

Silvia

WHO is Silvia? What is she?

That all our swains commend her?
Holy, fair, and wise is she;
The heaven such grace did lend her,
That she might admired be.

Is she kind as she is fair?
For beauty lives with kindness:
Love doth to her eyes repair,
To help him of his blindness;
And, being help'd, inhabits there.

Then to Silvia let us sing,
That Silvia is excelling;
She excels each mortal thing
Upon the dull earth dwelling:
To her let us garlands bring.

William Shakespeare

Como é que se diz? Está chata, tão tão chatinha!

A minha dona está chatinha! Já não a posso aturar.
Estou a pensar meter baixa, que isto não há gato que a ature sem ficar com perturbações de personalidade. No outro dia até pensei que era um "Deus do Vento" (Kamikaze) e atirei-me em pleno vôo da cama para dentro do roupeiro!
O problema da baixa é que provavelmente vai demorar até me darem ração... hum...

Ralha comigo por tudo e por nada. Deito-lhe os artigos ao chão e lá vem o "Miuuuuuuuuuuuu".
Vou cumprimentar a Ofélia e lá vem o "Miiiiiiiuuuuuuuuuu Manuel" e um chinelo a voar.
Salto-lhe para o colo, e daí para o teclado do computador, tentando ajudá-la a redigir os documentos e lá vem o "Miiiiiiiiiiiiiuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu" (neste caso ela passa-se LARGO, mesmo!).

Não a entendo, mas se calhar nem vocês!

E pior é que quando tem que ir trabalhar (sim, temos uma relação moderna, que eu sou um gato do século XXI. ela vai ganhar tostões para a ração e eu tomo conta da casa) faz sempre uma cena como esta (parece o Calvin, mas com um penteado mais feio. não sei o que ela faz de noite, mas ao acordar tem sempre um ar MEDONHO! Xiça!). Afinal ela concordou que EU ficasse em casa! Não entendo estes humanos!


Mum: Wake up Calvin. It's time for school.

Calvin: I'm not going to school anymore.

Mum: You have to. It's the law.

Calvin: What about Hobbes? Why doesn't he have to go to school?

Mum: He's a tiger. Get up.

Calvin: What's being a tiger got to do with it?

Hobbes: Tigers wreck the grade curve.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Poemas que vivem na Casota da Piquenina (7)

Cântigo Negro de José Régio

«Vem por aqui» — dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: «vem por aqui»!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
-Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha Mãe.

Não, não vou por ai! Só vou por onde

Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: «vem por aqui»?


Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!

O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: «vem por aqui»!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
- Sei que não vou por aí!

Poemas que vivem na Casota da Piquenina (6)

Sophia, sempre ela!

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão
Porque os outros se calam mas tu não


Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo
Porque os outros são hábeis mas tu não

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos
Porque os outros calculam mas tu não.

domingo, 12 de outubro de 2008

Gira-Discos vs Mp3 - 18

Mais um Domingo e mais uma edição de Gira-Discos vs Mp3.

No Gira-Discos uma música da banda sonora de um dos meus filmes favoritos.

No Mp3 uma senhora de nome Sade.

Boa semana.

Poemas que vivem na Casota da Piquenina (5)

De volta ao Auden. Desta feita O Tell me the Truth About Love. Enjoy it.

Some say that love's a little boy,
And some say it's a bird,
Some say it makes the world go round,
And some say that's absurd,
And when I asked the man next-door,
Who looked as if he knew,
His wife got very cross indeed,
And said it wouldn't do.

Does it look like a pair of pyjamas,
Or the ham in a temperance hotel?
Does its odour remind one of llamas,
Or has it a comforting smell?
Is it prickly to touch as a hedge is,
Or soft as eiderdown fluff?
Is it sharp or quite smooth at the edges?
O tell me the truth about love.

Our history books refer to it
In cryptic little notes,
It's quite a common topic on
The Transatlantic boats;
I've found the subject mentioned in
Accounts of suicides,
And even seen it scribbled on
The backs of railway-guides.

Does it howl like a hungry Alsatian,
Or boom like a military band?
Could one give a first-rate imitation
On a saw or a Steinway Grand?
Is its singing at parties a riot?
Does it only like Classical stuff?
Will it stop when one wants to be quiet?
O tell me the truth about love.

I looked inside the summer-house;
it wasn't ever there:
I tried the Thames at Maidenhead,
And Brighton's bracing air.
I don't know what the blackbird sang,
Or what the tulip said;
But it wasn't in the chicken-run,
Or underneath the bed.

Can it pull extraordinary faces?
Is it usually sick on a swing?
Does it spend all it's time at the races,
Or fiddling with pieces of string?
Has it views of its own about money?
Does it think Patriotism enough?
Are its stories vulgar but funny?
O tell me the truth about love.

When it comes, will it come without warning
Just as I'm picking my nose?
Will it knock on my door in the morning,
Or tread in the bus on my shoes?
Will it come like a change in the weather?
Will its greeting be courteous or rough?
Will it alter my life altogether?
O tell me the truth about love.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Eu gostaria de dedicar este prémio...

A minha afilhada diz que sou cientista. E não podemos destruir os sonhos das crianças, não é?

Ás vezes sinto-me, não uma cientista mas uma técnica altamente qualificada para a lavagem de loiça. E que bem que eu lavo loiça, com etanol e água desionisada! Aaaaaaaaaaah!

Bom, mas na minha qualidade de pseudo-cientista, tenho o dever de vos informar que já foram entregues os mais importantes prémios, nesta área.

Os Ig Nobel fazem as minhas delícias. Este ano são vários os prémios que me deixam contente:

1) BIOLOGY PRIZE. Marie-Christine Cadiergues, Christel Joubert, and Michel Franc of Ecole Nationale Veterinarire de Toulouse, France for discovering that the fleas that live on a dog can jump higher than the fleas that live on a cat.

2) MEDICINE PRIZE. Dan Ariely of Duke University (USA), Rebecca Waber of MIT (USA), Baba Shiv of Stanford University (USA), and Ziv Carmon of INSEAD (Singapore) for demonstrating that high-priced fake medicine is more effective than low-priced fake medicine.

3) ECONOMICS PRIZE. Geoffrey Miller, Joshua Tybur and Brent Jordan of the University of New Mexico, USA, for discovering that a professional lap dancer's ovulatory cycle affects her tip earnings.

4) CHEMISTRY PRIZE. Sharee A. Umpierre of the University of Puerto Rico, Joseph A. Hill of The Fertility Centers of New England (USA), Deborah J. Anderson of Boston University School of Medicine and Harvard Medical School (USA), for discovering that Coca-Cola is an effective spermicide, and to Chuang-Ye Hong of Taipei Medical University (Taiwan), C.C. Shieh, P. Wu, and B.N. Chiang (all of Taiwan) for discovering that it is not.

Para verem a lista completa, basta irem AQUI!

Não perdi a esperança e para o ano espero ser uma das galardoadas! Até já vou começar a escrever o discurso e encomendar o fraque com abas de grilo! Ooooooooooh!

Em directo do... Comboio!

Muitas vezes "pego-me" com a tecnologia, à semelhança das guerras entre irmãos. Porque ela (a tecnologia) não colabora, não se quer ligar, não comunica em condições e no fim ainda recebe um doce!


Mas digo-vos: que bom que é poder estar no comboio, com um portátil e uma placa de acesso à internet, e ligada ao mundo!

Assim escrevo-vos enquanto saío do apeedeiro de Mazagão (estes nomes são fenomenais). Hje por aqui está um dia muito chuvoso, bom para ficar em casa debaixo da mantinha polar, com o gato aos pés, uma chávena de Earl Grey nas mãos e um filme do 007 no DVD.

Para banda sonora, deixo-vos AQUI, uma música algo depressiva mas de que gosto muito e de um grupo brilhante!

domingo, 5 de outubro de 2008

Gira-Discos vs Mp3 - 17

Gente boa, e alguns que também são boa gente, bem-vindos a mais uma edição desta rubrica!
Mais uma vez (não sei porque continuo a ter listas de músicas) deixei as listas de lado e fui "ao sabor do vento".

No Gira-Discos "The Lady is a tramp" (Viva a Rita!). Que se lixem a Marilyn, a Jolie e/ou a Scarlett.
E antes que, alguns, comecem a tentar adivinhar o que gosto mais nesta canção, digo-vos já que são os primeiros versos:
"She gets too hungry, for dinner at eight
She loves the theater, but doesn't come late
She'd never bother, with people she'd hate
That's why the lady is a tramp".
Faz-vos lembrar alguém? ;) THAT'S WHY THE LADY IS A TRAMP!

No Mp3, Manuel Cruz (ex-"Ornato Violeta") no seu já-não-tão-recente projecto a solo, baptizado de "Foge Foge Bandido", com o tema "Ninguém é quem queria ser".
Bom Domingo e boa semana!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Deolinda

Dizem que o meu pecado de raíz é a Luxúria. Talvez!

Isso, quiçá, poderá explicar esta minha ideia fixa de estar, constantemente, a ouvir Deolinda!

O mais recente vídeo, do álbum de estreia, já está disponível aqui.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Começou há um ano...

Há precisamente um ano atrás viajei pela primeira vez para os EUA para iniciar um novo desafio profissional. Desde então passei cá 171 dias!!! (Não, eu não os contei por ser neurótica ou controladora, mas apenas porque tenho que o fazer para ficar muito atenta e não passar a barreira de 183 dias que me obriga a pagar impostos ao Tio Sam... coisa que não me apetece nem um bocadinho!)

Foi um ano cheio que passou muito depressa. Muitas viagens (demais, porventura!), muitas horas passadas em aeroportos e aviões e hábitos de sono bastante baralhados... Mesmo assim, tenho que dizer que gostei (ainda gosto) da experiência e por isso me apetece, em jeito de celebração, partilhar as lembranças boas que ficam...

Aqui vai uma lista (aqui chamam-lhe "laundry list") sem qualquer ordem, a não ser a da memória:
- As pessoas cumprimentam-te sempre com um sorriso, perguntam-te como estás e são, na generalidade, simpáticas e atenciosas (é certo que às vezes soa um pouquinho falso, mas antes assim do que uma cara carrancuda logo pela manhã)
- Os condutores são civilizados e respeitam (a esmagadora maioria) os limites de velocidade; zangam-se se não guardas uma distância de segurança do carro da frente
- As hospedeiras bonitas e simpáticas são um mito; por aqui são gordas, feias, velhas e mal humoradas... 90% das vezes, ou então são homens (aos quais posso atribuir os mesmos adjectivos)
- As bebidas gasosas são sempre servidas com gelo e toda a gente passa o dia a beber líquidos, com a excepção da água
- Dr. Peper é uma bebida gasosa popular que sabe a Nasomed - horrível!!!
- As doses de comida são na medida da grande maioria dos Americanos - enormes...
- Chicago é uma cidade linda - mesmo em pleno Inverno, com muita neve e muito frio
- 38º negativos é mesmo difícil de suportar... ao fim de 12 minutos as extremidades do corpo não cobertas congelam - assustador, não?
- A sopa tem sempre muita carne ou muito queijo ou muitas natas - não deviam chamar-se sopa!
- No Minnesota comem-se coisas estranhas: sopa de hamburguer de queijo, sopa de queijo com cerveja e pipocas, barras de chocolate envolvidas em massa de milho e fritas em óleo ou, créme de lá créme, bacon frito coberto com chocolate!!! Iac...
- 18:00 é a hora certa para jantar; depois das 20:00 é uma autêntica loucura...
- Os livros são baratos e isso é muito, muito bom... Para ser perfeito deviam ter à venda livros em Português :)
- Ninguém limpa a tua secretária, apenas despejam os caixotes do lixo... por isso o melhor é teres à mão um paninho e um líquido de limpeza para lidar com a acumulação de pó
- No cinema só vendem pipocas com sal, nunca com açucar... é uma pena!
- Os saldos não têm uma época específica, acontecem por tudo e por nada e podem ser muito bons! (Isto aliado a um dólar fraco é muito bom para "arejar cartões"...)
- As competições nacionais de desporto chamam-se "World Championship..." apesar de serem só entre equipas americanas; o pior é que eles não percebem porque é que está errado!
- Os lagos nesta região do país são enormes e lindos, em qualquer estação do ano; há muito verde, muitas árvores e o Outubo é particularmente bonito pela diversidade e beleza das cores das folhas. Indescritível mas memorável!

A juntar a tudo isto (e ao que ainda ficou por recordar) um grupo de excelentes colegas de trabalho, bons profissionais e bons companheiros, que ajudam a amenizar as saudades de casa e daqueles que amo.

Hoje estou feliz!

Dúvida existencial - sim, porque os gatos também as têm!!


Porque é que tendo um felino como eu a lamber-lhe os pés e a saltar-lhe para o colo, a minha dona insiste em ficar sentada à secretária a trabalhar????

Poemas que vivem na Casota da Piquenina (4)

Hoje, para começar o mês de Outubro, trago-vos um poema de alguém cuja obra se confunde com a própria vida.

QUASE

Um pouco mais de sol — eu era brasa.
Um pouco mais de azul — eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num baixo mar enganador d'espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho — ó dor! — quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim — quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo... e tudo errou...
— Ai a dor de ser-quase, dor sem fim... —
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...

Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol — vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
...........................................
...........................................

Um pouco mais de sol — e fora brasa,
Um pouco mais de azul — e fora além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Mário de Sá-Carneiro

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