Casa Oriental
Gosto de rituais, mas sobre isso falarei noutro dia, noutro post, noutra ocasião.
Ontem e hoje mudei um dos rituais de regresso. Saio do autocarro uma paragem antes, delicio-me com as cores do sol cor-de-fogo do fim de dia (no que me é possível ver apartir do Jardim da Cordoaria), passo pela “montra” da Casa Oriental que para mim é deliciosa (nota mental 1: trazer a máquina para tirar uma foto e deixar aqui), olho o relógio da torre dos Clérigos que congelou o tempo às 10h55 de um dia qualquer e desço até São Bento a pé. Tudo devidamente acompanhado com a banda sonora que vive no meu leitor de Mp3 e que se adapta a cada uma das situações!
Este trajecto a pé ajuda-me a refrescar as ideias, ajuda-me a (re)centrar, ajuda-me a relativizar, ajuda-me a desentoxicar. Sim, porque já aprendi alguma coisa e sei que também esta fase vai passar e por isso não vale a pena “desesperar”. Também sei que se tirasse um dia para ficar em casa e dormir o que me apetecesse três quartos disto passava, mas não é possível.
Preciso mesmo de descanso. A falta dele faz-me efectivamente mal. E não se trata só de sono, trata-se de um descanso completo. Acabei a semana passada “embrulhada” em 1000 pre e ocupações, passei um fim-de-semana sem o descanso que necessitava e comecei uma semana a 1000 à hora. Não podia correr bem... seria uma inversão das leis de Murphy :)
As boas notícias? O sol (ontem e hoje) estava lindo de se morrer por ele, a semana está quase a terminar, de Domingo a Terça vou estar “fora do mundo” e também completamente fora deste Planeta (coisa que há algum tempo não acontecia), o Mundo vai continuar os seus movimentos de rotação e translação e as pre e ocupações vão estar +/- no mesmo local onde eu as deixar (e se não forem estas serão outras). Além disso no que diz respeito a 98% das preocupações tudo o que eu posso fazer é: NADA! E isso, tenho que confessar, é o que mais me custa.
Nota mental 2: Outra coisa que tenho que aprender: “não vou salvar o mundo!”, “não sou a Madre Teresa de Calcutá!”... É que aceitar que sou impotente perante certas, se não todas as situações, também vai contra a minha auto-imagem. (Eu sei que a pergunta óbvia é: porque não mudas a auto-imagem? A resposta: Já tentaram fazê-lo? É tão difícil! Ainda assim estou BEM melhor!)
Tenho um amigo que filosofa ao olhar as àrvores podadas (“a promessa de uma vida nova...”). Eu, como sou ignorante, teço inevitavelmente uns comentários insensíveis perante esse facto. Enfim, alguém tenha paciência comigo! Mas aqui para nós que ninguém nos ouve hoje, quando vi umas flores a rebentar nas árvores na entrada do edifício da faculdade, fiquei a roer-me de inveja de não ter palavras iguais às dele para dizer ou escrever aqui! (nota mental 3: para a próxima vou-me calar bem caladinha, beber essas palavras e depois venho para aqui filosofar com as palavras de outrém ;))
PS1 Aaaaaaaaaaah e mantive o ritual dos óculos escuros no comboio para poder ver melhor a noiteJ A minha retina está completamente intolerante a esta luz de tortura que habita aqui o comboio! Deve ser isso que me está a provocar todos estes actos confessionários!
PS2 Tem sido uma surpresa alguns comentários, sms, e-mails que tenho recebido. Surpresa não porque não saiba que há criaturas que muito me querem mas porque percebo que estão aqui atentas a este Planeta (apesar de terem vidas exigentes que pouco tempo lhes deixa livre para o que quer que seja), surpresa também porque verifico que há quem me perceba muito mais longe do que aquilo que imaginava “esse teu lado frágil desengonçado encoberto por uma postura tão "forte" ”, surpresa porque me continuo a maravilhar e emocionar com as manifestações de carinho e bem-querer com que me presenteiam! Aaaaaaaaaah é bom! Para além disso esta minha futura escapadela do mundo acontecerá graças ao Raio de Sol! Don't have enough words to say thanks for so much!
1 comentários:
Boa escapadela.
Obrigado Raio de Sol, mais uma vez, por estares com a nossa Piquenina. (Não consigo perder esta minha atitude maternalista).
Bjks
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