Por favor, digam "bom dia"...
Lembram-se do anúncio: "Diga bom dia com Mokambo, Mokambo, Mokambo..."? Pois bem, o meu apelo não é publicitário - não é preciso gastar dinheiro nem comer ou beber nada de especial. O meu apelo é muito simples: "Diga bom dia"!
Explico. Hoje voltei à minha antiga Universidade (Minho - Braga) para uma reunião no Departamento de Informática com o qual tento desenvolver trabalho de cooperação, no âmbito da empresa. Cheguei cedo, o encontro marcado começou um pouco mais tarde que o previsto e, como consequência, fiquei uns 30 minutos à espera, primeiro deambulando nos diversos corredores à procura do gabinete certo e depois esperando à porta pela chegada do meu interlocutor.
Era hora de entrada ao trabalho pelo que vi chegar várias pessoas - professores, alunos e funcionários. Mais de dez, seguramente, entraram no edifício e passaram por mim em corredores e halls sem mais ninguém. Nem um - nem mesmo um! - reconheceu a minha presença naqueles espaços dizendo "bom dia". Senti-me transparente e sem saber o que pensar.
A princípio ainda pensei "disseram bom dia baixinho e tu não ouviste" ou mesmo "têm uma capacidade de comunicar sem mexer os lábios e foi assim que disseram bom dia, mas tu não conseguiste ver nem ouvir"... Mas depois continuou a ser assim e eu não pude deixar de pensar: quando foi que deixámos de cumprimentar com um simples "bom dia" as pessoas que encontramos num local familiar como o nosso local de trabalho? Quando foi que passou a ser normal ignorar as pessoas ou fingir que não as vemos? Será assim noutros lugares e eu tenho sido afortunada ao ponto de não os conhecer ou de não ter reparado? Será assim nas Universidades onde a concentração de saber nos impede de interagir?... Espero que não e que este tenha sido um episódio insólito, mas isolado.
Já agora: "bom dia", "boa tarde" ou "boa noite", dependendo da hora do dia em que me estejam a ler... :-)
Raio de Sol
3 comentários:
Bom dia, Raio de Sol!
Infelizmente não é assim tão insólito...
Já perdi a conta das vezes em que eu tenho autênticos monólogos, do estilo:
eu: "Bom dia"
outro: "_"
eu: "Obrigada!"´
São estes cumprimentos, tão simples e gratuitos e são as expressões (para mim, valiosíssimas e cada vez mais raras) como: "se faz favor", "com licença", "obrigado"...
A crise vem a instalar-se há vários anos, mas não é só económica!
Abraço
Pffuuu !
Isso acontece-me tanta vez...(até na faculdade, sim)
- "Bom dia" - digo eu a quem passa e cruza olhar comigo..
- ". . . " (pensamento do macambúzio: conheço-te?)
- "Dentes bonitos que tu tens..." digo eu, pensando que um cumprimento fazia parte do civismo antigamente...
Muita diálogos do género tenho com a minha pessoa...Por isso é que eu gosto do meu alentejo!! Toda a gente me responde!..e até fala demais..é como se fosse um 'acto reflexo linguístico'...exemplo:
(Lêr com sotaque alentejano)
-Bôm dia
- Bom dia m'nina, tã mék vai? / tá bôa?
(e mtas vzs, sem que tenha tempo p/ lhes rspder, eles dão a rspsta à suposta prgunta que eu faria..)
- Vai s'andando brigadinha...têm k seri!
É o triste medo de que uma palavra ou um sorriso despertem familiaridades indesejadas. A conchinha que nos protege é tão frágil que um simples olhar para o Outro a pode partir. Pela minha parte, Bom Dia Mundo! Há de certeza uma bela manhã de sol algures neste preciso momento!
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