domingo, 25 de outubro de 2009

ainda sobre Saramago

(e porque, neste caso, não, não consigo achar piada à situação)

"(...) É certo que, com Caim, Saramago ataca a que hoje é a mais tolerante, a mais democrática e a menos inquisitorial das religiões. Nenhum bispo da Igreja Católica o persiguirá com uma fatwa e nenhum católico fará mais do que insultá-lo nos blogues e redes sociais da net - onde o insulto é fácil, fértil e eimpune. Não é inócuo, mas, pelo menos, não é perigoso. É também verdade que Saramago se limitou a uma visão literal de um texto datado e inaplicado na prática há muito. É inteiramente legítimo do ponto de vista literário, não sei se será do ponto de vista crítico. Também o Corão, lido à letra, é "um manual de maus costumes" ditado por um deus que diríamos cruel e desumano. A diferença está em que o Corão, na sua interpretação literal, continua hoje a ser o guia e o texto sagrado de grande parte do mundo islâmico, que nele fundamenta o terror e algumas das formas mais iníquas e aberrantes de regulação das sociedades. Enquanto que ao Antigo Testamento se seguiu o Novo Testamento e várias encíclicas, algumas maravilhosas, que hoje constituem os fundamentos teológicos do cristianismo - e com base nos quais,a Igreja católica, os seus servidores e seguidores fizeram e fazem obra notável em lugares do mundo onde mais ninguém faz. Continuar a querer ver o catolicismo e a Igreja católica como a religião do Antigo Testamento e das fogueiras da Inquisição não é um exercício intelectual sério. (...)"

Miguel Sousa Tavares in Expresso,
24 de Outubro de 2009

1 comentários:

Xu 25 de outubro de 2009 às 21:06  

As coisas teem a importancia que lhes queremos dar, ese tipo num passa duma criatura sem qq valor por isso ... n lhe des mt tempo de antena!

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