quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Poemas que vivem na Casota (28)

Esta gente

Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco


Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis


Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre


Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome


E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova
E recomeço a busca
Dum país liberto
Duma vida limpa
E dum tempo justo


[Sophia de Mello Breyner]

3 comentários:

Moura Aveirense 30 de dezembro de 2009 às 12:54  

Estou a ler este livro sobre Sophia e cada vez mais adoro os poemas dela.

zica blue 30 de dezembro de 2009 às 19:59  

infelizmente tudo isto continuará sempre actual enquanto o mundo for mundo... mas existem os poetas, para mostrar a justa dimensão da dor com as palavras que só eles sabem usar..

Xu 31 de dezembro de 2009 às 02:57  

eeeeeiiiiiiiiiiisssssshhhh

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