Poemas que vivem na Casota (28)
Esta gente
Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
Dum país liberto
Duma vida limpa
E dum tempo justo
[Sophia de Mello Breyner]
3 comentários:
Estou a ler este livro sobre Sophia e cada vez mais adoro os poemas dela.
infelizmente tudo isto continuará sempre actual enquanto o mundo for mundo... mas existem os poetas, para mostrar a justa dimensão da dor com as palavras que só eles sabem usar..
eeeeeiiiiiiiiiiisssssshhhh
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