quarta-feira, 18 de novembro de 2009

não é só ajudar, é preciso fazê-lo da maneira correcta


(exposição Juan Muñoz, Serralves, Janeiro 2009)

Quando apanho o comboio em São Bento, a esta hora, há sempre um senhor que é invisual que também apanha um comboio em direcção a Guimarães. Normalmente entre o segurança da estação e um transeunte, há sempre alguém que o encaminha ao seu respectivo comboio. Hoje aconteceu que me coube a mim essa tarefa. Quando me aproximei do senhor perguntei-lhe que comboio queria apanhar e também se queria que eu lhe agarrasse no braço dele ou se queria ele agarrar-se ao meu braço. Isto porque me veio à memória uma reportagem que vi em tempos em que os invisuais se queixavam que, apesar das boas intenções, nem sempre as pessoas ajudavam correctamente. A melhor maneira de ajudar/guiar um invisual num caso destes é deixar que eles nos tomem o braço e seguir ligeiramente à frente (como eu me lembrava de ter visto na reportagem e como este senhor hoje também me ensinou). Assim não só os guiamos (porque possibilitamos que eles sintam e acompanhem o movimento do corpo) como permitimos que eles se orientem.


Às vezes, e na ânsia de ajudar, esquecemos de perguntar como é que as pessoas precisam ser ajudadas. É que ajudar não tem a ver com a maneira como nós queremos fazer, tem a ver com o modo como é preciso que seja feito.

ps espero que pelo menos alguém retenha esta informação, tal como eu retive a da reportagem que vi em tempos. às vezes são estes pormenores que parecem "supérfulos" que podem fazer piqueninas diferenças.

4 comentários:

zica blue 18 de novembro de 2009 às 23:47  

e sim... e a todos os níveis...

luís.r 19 de novembro de 2009 às 19:19  

Gostei, muito. Aprendi isso com um amigo invisual (ou como ele mesmo dizia com algum humor "Cego. Se eu sou cego, porque é que me hão-de chamar outra coisa?").

Mãe Sisa 19 de novembro de 2009 às 20:42  

pois é... muitas vezes as pessoas querem tanto ajudar - mas só da maneira que elas próprias consideram ser a melhor ajuda e nem sempre a ajuda que é realmente necessária.
espero que MUITA gente retenha este teu apontamento.
BÊJOS

Xu 19 de novembro de 2009 às 21:50  

Por acaso sabia como se devia fazer por ter lidado algum tempo com uma outrora colega de trabalho q era cega e posso dizer q aprendi mt com ela.
E tb axo q tens razao qdo dizes q pikenas coisas podem fazer td a diferença ... heheh ... é memu assim!

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