terça-feira, 23 de novembro de 2010

o dia em que me tornei no harry potter ou a história do resgate do Miu (finalmente)

bom, a história reza assim:
dia 1 de Novembro o Miu passou todo o dia enroscadinho em mim. estava um dia frio e o feriado convidava a preguiçar. lá pelas 18h o bicho decidiu ir esticar as patas ao terraço. tudo normal. por volta das 20h ainda não havia sinal do bicho. fui ao terraço e executei o procedimento habitual: chamei por ele e, à falta de sinal dele, agitei a lata da ração (uma ou outra costuma funcionar e ele aparece).

nenhum sinal do bicho. comecei a ficar preocupada, q.b. (mas ele costuma saltar para o terraço do vizinho e às vezes adormece por lá e atrasa-se a vir)
22h continuo sem sinal do bicho. agora sim já estava mesmo preocupada! nova ida ao terraço e novo chamamento e agitar de lata. um momento de silêncio e, de repente, parece-me ouvir um miado ao longe. (no meu terraço costuma ouvir-se cães a ladrar, pássaros mas nunca gatos). seria o Miu? nova chamada e uns miados desesperados, que não se aproximavam e denotavam que o bicho estava longe. não sei porquê mas lembrei-me logo que ele tinha "caído lá em baixo". e o que é cair lá em baixo?

bom a casota tem um terraço que dá para as traseiras, mas que não são térreas nem acessíveis pela rua. passando o gradeamento do terraço podemos caminhar uns bons metros sobre os tectos das garagens que pertencem ao prédio. quando chegamos ao fim das garagens, há um espaço de um metro que mais à frente tem um muro altíssimo. esse espaço de um metro entre o final das garagens e o muro, tem a altura de dois andares. bom era noite escura, e lá salto eu o gradeamento do meu terraço, vou até ao final das garagens e continuo a chamar. os miados estão cada vez mais perto, à medida que avanço cresce a certeza de que o bicho tinha caído neste espaço. espreito para lá, deixo os olhos habituarem-se à escuridão e de repente vejo o vulto do Miu a andar de um lado para o outro, a olhar para cima, enquanto miava desalmadamente. 
conclusão: impossível tirá-lo de lá, àquela hora e tinha um problema para resolver no dia seguinte. um problema para resolver no dia seguinte e quiçá nesse próprio momento. é que este meu salto do gradeamento do terraço fez com que os cães dos terraços circundantes desatassem num ladrar incessante. e eu a pensar: "queres ver que eu ainda vou ter que saltar lá para baixo, para fugir de uma matilha em fúria!".

bom, lá vim a casa, lá voltei a saltar o terraço, lá atirei uma manta e comida ao bicho. dormir??? eu tentei, mas a preocupação só me permitiu dormitar das 5h às 7h.

7h do dia dois: lá salto eu novamente o terraço para ver se o bicho está lá em baixo. chamo por ele e lá ele aparece. uff continua lá, aparentemente bem. mas e agora como é que eu o tiro de lá?
pelo meu prédio é impossível os bombeiros chegarem a estas traseiras que não dão para local algum, para além de que as escadas nunca conseguiriam dar a volta nas escadas do prédio, nem tão pouco entravam no elevador. com a luz do dia consigo perceber que a instituição bancária que fica ao lado do meu prédio tem um terracinho que fica mais  acessível ao local onde caiu o Miu. mas continua a haver problemas:
1) se do lado do terraço do banco o muro é baixo (80cm), a altura do muro para o local onde caiu o Miu é maior. (3m) 
2) além disso o sítio para onde ele caiu o chão não é plano. assim se eu saltasse do muro do banco, primeiro não ia conseguir voltar e corria o risco de me magoar.

teria que esperar pelas 8h30, altura em que o banco abria, para pedir para falar com o gerente explicar a situação e pedir-lhe que me deixasse tentar tirá-lo pelo terraço do banco ou que desse autorização para permitir que os bombeiros tentassem resgatar o bicho por ali.
às 8h30 lá fui ao banco. procurei um funcionário (um homem, porque acho sempre que nestes casos as mulheres são menos solidárias.) que estivesse desocupado. abordei o funcionário, bem simpático e bem-parecido por sinal. pedi para falar com o gerente e o funcionário perguntou-me, obviamente, a razão. lá expliquei, e ele foi lá dentro. voltou, perguntou-me de que cor era o gato e disse-me que tinha espreitado pelo muro e explicou-me que seria mais fácil resgatar o gato através de umas janelas que se encontravam mais em baixo e que pertenciam a umas garagens de uma loja de peças. lá fui eu à loja, lá expliquei ao sr  a situação e ele lá me abriu as garagens. 

neste ponto eu pensei: ah vou conseguir resolver isto!

entro nas garagens e eis que não só as janelas são altas como também têm barras. além disso as janelas abrem por baixo e só até para aí 1/3. portanto o cenário foi este: eu, escadote, a cima e a baixo a chamar por ele e a tentar que ele saltasse para o parapeito da janela. só que o bicho não me via  porque o sítio onde ele se encontrava estava abaixo do nível da janela e o parapeito era estreito, para além de estar imensamente assustado. parecia-me que por ali não ia conseguir. volto ao banco (no entretanto já tinha ido buscar a transportadora dele - caso o apanhasse para não voltar a fugir- e comida, a ver se ele vinha). o senhor lá vai novamente ao terraço, eu continuo no balcão, chama-o e sai a dizer que ele entrou por uma janela. volto à garagem da loja das peças e nada do gato lá dentro. começo a temer q ele tenha entrado numa janela de uma garagem particular. mas lá volto a subir e a descer escadote  e lá o vejo do lado de fora ele vê-me mas não salta para o parapeito  mia desalmadamente.

neste entretanto fico com as mãos imundas (com a testa também, de me encostar à grade da janela, mas isso eu não sabia). e é assim com a testa neste estado, de transportadora e comida de gato na mão que volto ao banco.

pela 3ª vez o sr olha para mim, desta vez com o ar de quem pergunta: "então?" (e também deve ter pensado: porque raio é que ela vem com a testa assim?"
e eu: "ele não entrou em garagem alguma está do lado de fora"
no entretanto sai o gerente do balcão, que ainda não me tinha visto mas já tinha ouvido falar de mim, contudo não havia que enganar eu era a gaja com ar alucinado, a testa suja e com um caixote de transportar o gato e comida de gato na mão. não era preciso ser um Sherlock Holmes para resolver o mistério. 

virou-se para mim e disse: "então ainda não o apanhou? quer ir lá atrás?"
e eu: "sim!"
 
antevendo que podia ter hipótese de ir ao terraço do banco tinha atado uns baraços à transportadora, que me permitiam baixá-la, para o lado de lá sem ter de saltar). meti comida lá dentro, baixei a transportadora, chamei por ele e  pus-me de cú para o ar debruçada no muro. o Miu olhava para cima e miava, miava, mas nada de entrar. e eu a falar com ele, como os malucos, a dizer-lhe para entrar, como se ele percebesse e o bicho nada de entrar. roçavasse na transportadora,  metia a cabeça lá dentro mas nada de entrar. passados uns 10 min  lá entrou metade do corpo. era "agora ou nunca".
 aí eu puxei a corda pela parte da entrada, para que ele não voltasse para trás, e o demovesse de saltar provocando-lhe um desequilíbrio e lá icei a transportadora. saí do balcão do banco com tampa da lata da comida na mão, mãos todas porcas, testa suja  e com a transportadora com o bicho lá dentro e com 3 metros de baraço a cair pelo chão.

e podia ter sido só isto? podia, mas não era a mesma coisa.
paralelamente a tudo isto, tive de mudar um bilhete de comboio, porque tinha um compromisso a 300Km de Braga nesse dia para o qual era suposto ter saído de manhã, e chegar quase a correr ao dito compromisso.

ps se ouvirem uns senhores de um banco falarem da história da maluca do gato com a testa suja, já sabem de quem se trata ;)

3 comentários:

Moura Aveirense 23 de novembro de 2010 às 20:50  

SURREAL!!!!!!!!!!!!!!!!!! LOL Ainda bem que tudo acabou em bem!

zica blue 23 de novembro de 2010 às 22:14  

UFF!!! ao ler as tuas aventuras até ia ficando sem fôlego... mas todo fica bem quando acaba bem.... bela história e muito bem contada... esperamos que lhe fique de emenda ...

Xu 2 de dezembro de 2010 às 15:13  

Genial!

Tu BRILHAS POR TD O LADO!

AHAHAHAHAHAHAHAH

Beijos

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