terça-feira, 1 de julho de 2008

A NÃO PERDER: A ESTRADA!










Nos tempos que correm podia ser um livro escrito por camionistas, a propósito da crise dos combustíveis, a combinar o próximo bloqueio ou com piadas sobre o Sócrates, mas não é.

Recebi-o como prenda de aniversário com a seguinte dedicatória: “ A Vida faz-se com muitos passos, em companhia. Que sejamos sempre companheiros de viagem como nos relata este romance.”

Começo por vos dizer que é um dos melhores livros que li até hoje. Sem dúvida porque é um livro bem escrito, profundo, duro, e também porque o li na altura certa. Quando o comecei a ler achei que era parado, que aquilo não atava nem desatava, acabei o livro lavada em lágrimas e de alma lavada. Que pena seria eu ter passado a minha vida sem ter sabido da existência deste livro! E quantos mais haverá e eu não sei...

A história. Um homem e o seu filho percorrem a estrada, em direcção à costa, num mundo post-apocalíptico. Não sabemos o que aconteceu antes, não sabemos os nomes de ninguém, não sabemos como são fisicamente, nem qual o seu passado, não sabemos o porquê de chegar à costa. Sabemos apenas que aquele homem e aquela criança têm que sobreviver numa terra queimada, destruída, onde (quase tudo) morreu, que está coberta de cinzas. Eles vão enfrentando o frio, a chuva e a falta de alimentos, de abrigos, de ajuda de companhia. Já não há aves, nem peixes, nem qualquer outro tipo de animais, as árvores estão mortas, queimadas, e as cidades estão desertas... ( e mais não digo, porque é da descoberta que se fazem as histórias dos livros)

Escrito por Cormac McCarthy, é um livro feito da ausência de nomes e com uma míriade de coisas em aberto. Ficamos com o campo livre para imaginarmos uma grande parte do enredo, sendo que isso não é o essencial, ao fim e ao cabo. Não há divisão em capítulos e está povoado de diálogos deliciosos entranhados no texto, como este:
“Não dava para verem isto de muito longe, pois não, papá?
Quem?
As pessoas, fosse lá quem fosse.
Não. Não de muito longe.
Se quiséssemos mostrar onde é que estávamos.
Aos homens bons, queres tu dizer?
Sim. Alguém que quiséssemos que ficasse a saber onde é que nós estávamos.
Quem, por exemplo?
Não sei.
Deus, é isso?
Sim. Talvez alguém do género.”

Não percam! Acreditem que sou infinitamente "mais rica" depois de o ter lido.
Boa semana!
P.S. A edição em português é da Relógio d'Água.

1 comentários:

Sofia 2 de julho de 2008 às 21:02  

Fiquei cheia de vontade de o ler. Vou comprar para ser a minha leitura do ano.Obrigado pela sugestão!
Beijos, Abraços e muitos Palhaços:)

  © Blogger templates 'oplanetadapiquenina' by oplanetadapiquenina 2009

Back to TOP