terça-feira, 21 de dezembro de 2010

sobre a motivação ou a falta dela

oiço num telejornal da SIC, um destes dias, a notícia de que há cada vez mais médicos a pedir a reforma antecipada, devido à alteração das regras que regulam a mesma. oiço também o presidente do sindicato dos médicos que uma das razões principais é a falta de motivação que os médicos sentem... e confesso que depois desta declaração, oiço as palavras mas não processo a informação.

faço investigação. a maioria das vezes os resultados tardam em aparecer, nem sempre são os esperados e até conseguir um conjunto de resultados concordantes, que façam sentido e que possam ser publicados pode passar-se muito tempo. neste processo há muitas horas de trabalho que vão para o lixo, porque os resultados não prestam, porque o aparelho não estava estável, porque um dos reagentes estava estragado, porque usámos material que estava contaminado, etc... não tenho direito a reforma, muito menos antecipada. não posso trabalhar no público e no privado. a minha motivação é conseguir resultados, porque deles depende a minha subsistência e o meu trabalho subsequente.

nisto tudo a diferença é que uns podem sentir-se desmotivados enquanto outros têm de estar sempre motivados para poderem continuar a pagar as contas. ou acham que os polícias ou os funcionários da repartição das finanças se sentem motivados? pois é, só que esses não têm um posto de polícia, ou uma repartição, privado(a) para onde ir se pedirem a reforma antecipada.

ele há coisas que quase me provocam um enfarte agudo do miocárdio... coisas que acontecem e que se ouvem.

4 comentários:

Moura Aveirense 21 de dezembro de 2010 às 23:07  

Eu também não percebo essa da falta de motivação... muita gente com bons empregos que se dizem desmotivados deveriam experimentar trabalhar, por exemplo, numa mina, para ver se a sua motivação melhorava...

E compreendo perfeitamente o que dizes em relação à investigação.

luís.r 22 de dezembro de 2010 às 09:38  

Há aqueles para quem a motivação vem de um trabalho bem feito. São os que fazem aquilo que gostam.

Outros precisam de outras motivações, que vão da palmadinha nas costas ao extracto bancário.

Os primeiros fazem o seu trabalho em silêncio. Riem quando o trabalho resulta e dizem palavrões quando falha.

Os segundos manifestam-se, protestam, deprimem-se, desmotivam-se, fazem barulho, dão entrevistas e deixam muitas vezes o trabalho por fazer.

Sic transit gloria mundi.

Sim, acordei maniqueísta :)

Raio de Sol 22 de dezembro de 2010 às 12:39  

Uma pessoa com quem trabalho há muitos anos e que muito admiro pessoal e profissionalmente explicou-me um dia como via isto da motivação. A simplicidade e realismo tocou-me e desde esse dia passei a pensar se esta não seria a perspectiva certa. A motivação está dentro de cada um e só cada um se pode motivar a si mesmo. Cada um tem que saber as fontes da sua motivação e animar-se, todos os dias. Os outros, tudo o resto que está à nossa volta, só nos pode desmotivar (as dificuldades, os imprevistos, as coisas que não controlamos... tudo isso só nos desmotiva). Se contamos com os outros para nos motivarmos o mais certo é isso não acontecer. E por isso ele um dia fez e partilhou com algumas pessoas (e comigo também) uma lista avulsa sob o tema "o que me motiva"... e isso sim, é prova de um grande Homem!

Nuno 22 de dezembro de 2010 às 23:12  

A falta de motivação desta gente é ter trabalho garantido...e então se for a fazer pouco, então essa motivação desaparece por completo...
Sempre trabalhei no privado e sempre tive que arranjar motivação, mesmo nos dias em que só me apetecia mandar aquela gente toda ir fazer meninos...

Anda por aí é muita gente mal habituada é o que é...

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