[sobre... a experiência do amor incondicional]
nasceu no dia dos atentados de Madrid e devia ter percebido logo que
ele me ia virar a vida do avesso. mas a perspicácia, às vezes, não é o
meu forte. o dia em que me tornei sua madrinha tive de
o embalar encaixado no lado esquerdo da anca, para impedir que mordesse
o ambão, enquanto eu lia uma leitura. uma vez mais devia ter percebido
que ele me ia desafiar. mas já vos falei da minha perspicácia, não é
verdade??? a determinada altura a vida dele (e da sua família) mudou,
mas a minha já tinha mudado antes (sem que eu tivesse percebido - vide
considerações sobre a minha perspicácia mais acima). é que ele com os
olhos pestanudos, o sorriso fácil e aquele coração grande de quem ama e
se apaixona já tinha roubado o meu, sem que eu desse conta. desde aí
para cá isto de partilhar a vida com ele, isto de ser amada por ele,
isto de o ver a olhar para mim com um olhar de aceitação plena deixou-me
o coração maior mas também mais frágil. não lido bem com essa
fragilidade mas reconheço que o saldo é francamente positivo, para o meu
lado. espero que também o seja para ele. em novembro passado, por entre
tubos e máquinas com um ruído ensurdecedor, sussurrei-lhe ao ouvido. o
que eu lhe disse fica entre mim e ele. hoje é o dia em que celebro mais
um aniversário do meu cucu. hoje - em especial - a p**a da distância
física que nos separa tem um peso (quase insuportável) que torna o
coração mais apertadinho. como é que uma criatura nos pode virar a vida
assim do avesso? não sei. mas sei que no final é muito BOM!
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