[sou adoptada]
mas
desenganem-se aqueles que acham que dos meus pais não sou filha ou dos
meus avós neta. e se dúvidas houvesse, a genética esclarece, bem como
aquele sinal tão só, igual ao da avó, como quem vai a caminho da orelha
esquerda.
sou adoptada porque me deixei adoptar, não sem algumas
confusões muito próprias das adopções. numa família sou irmã e noutra
sou tia, aquela que ninguém diria que um dia partiria sem data para
regressar. naquela sou ao mesmo tempo madrinha, irmã, afilhada, comadre
e, a bem dizer da verdade, já ninguém sabe como tudo começou. E na outra
sou a cunhada a fingir, que um dia decidiu a mão do irmão pedir.
naquela sou sobrinha, riqueza da sua tia que muito se angustia e definha
quando me tenta telefonar. em nenhuma sou mãe e, aqui para nós, ainda
bem! e, na grande maioria, não há nenhuma verdadeira genealogia que me
permita encaixar.
sou adoptada e isso é a maior garantia de, um dia, ainda poder vir a ser pai!
Publicada por Piquenina à(s) 20:30
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