gosto...
de quem se desnuda sem, simultaneamente, arranjar outros motivos de distracção. há, nesta entrega, uma verdade, uma força e uma beleza que ultrapassa o (eventual) embaraço de quem deste modo se apresenta. assim foi o concerto do antónio zambujo ontem no theatro circo. 5 músicos, 4 cadeiras, iluminação sóbria, o público ali em frente. a música. a autenticidade que só quem ousa desnudar-se assim será capaz de alcançar. e, de repente, há ali beleza em estado puro a acontecer, há uma pele arrepiada, há um sorriso que nasce espontaneamente, há um fechar de olhos e um sentimento de "é isto". não é um abraço vulcânico. é um encostar de cabeça naquela curva que une o pescoço ao ombro. não é fogoso. é aquele sol quente de final de tarde que aquece sem queimar. não é desenfreado. mas não deixa de ser livre.
e, exactamente por não ser arrasador, é indelével.
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