sábado, 20 de março de 2010

Gato

Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pelo, frio no olhar!

De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?

Alexandre O'Neill
Poesias Completas. 1951-1986

2 comentários:

zica blue 20 de março de 2010 às 12:55  

não acredito!!!!!! ia mandar - te este poema do O'Neill escrito num postalinho que comprei ontem...!!!

Xu 27 de março de 2010 às 18:14  

vou mm arranjar um gato!

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