domingo, 30 de setembro de 2012

porque não vou visitar campas em cemitérios - finalmente o conjunto de palavras que o descreve

Não chores à beira do meu túmulo
eu não estou lá… eu não durmo

Eu estou em mil ventos que sopram
E na neve macia que cai
Nos chuviscos suaves de outono
Nos campos de colheita de grãos

Não chores à beira do meu túmulo
Eu não estou lá

Eu estou no silêncio da manhã
Na algazarra graciosa
De pássaros a esvoaçar em círculos
No brilho das estrelas à noite

Não chores à beira do meu túmulo
Eu não estou lá

Eu estou nas flores que desabrocham.
Numa sala silenciosa.
No cantar dos pássaros,
Em cada coisa que te encantar.

Não chores à beira do meu túmulo
Eu não estou lá

[Mary Elizabet Frye]

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

os meus pés...

no meio de outros pés.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Impossível é não viver

(Foto tirada na Av. dos Aliados, 15 de Setembro de 2012)
 
O texto que se segue foi um contributo do escritor José Luís Peixoto para o MayDay Lisboa.
Já é antigo mas não podia ser mais actual.

Se te quiserem convencer que é impossível, diz-lhes que impossível é ficares calado, impossível é não teres voz. Temos direito a viver. Acreditamos nessa certeza com todas as forças do nosso corpo e, mais ainda, com todas as forças da nossa vontade. Viver é um verbo enorme, longo. Acreditamos em todo o seu tamanho, não prescindimos de um único passo do seu/nosso caminho.

Sabemos bem que é inútil resmungar contra o ecrã do telejornal. O vidro não responde. Por isso, temos outros planos. Temos voz, tantas vozes; temos rosto, tantos rostos. As ruas hão-de receber-nos, serão pequenas para nós. Sabemos formar marés, correntes. Sabemos também que nunca nos foi oferecido nada. Cada conquista foi ganha milímetro a milímetro. Antes de estar à vista de toda a gente, prática e concreta, era sempre impossível, mas viver é acreditar. Temos direito à esperança. Esta vida pertence-nos.

Além disso, é magnífico estragar a festa aos poderosos. É divertido, saudável, faz bem à pele. Quando eles pensam que já nos distribuíram um lugar, que já está tudo decidido, que nos compraram com falinhas mansas e autocolantes, mostramos-lhes que sabemos gritar. Envergonhamo-los como as crianças de cinco anos envergonham os pais na fila do supermercado. Com a diferença grande de não sermos crianças de cinco anos e com a diferença imensa de eles não serem nossos pais porque os nossos pais, há quase quatro décadas atrás, tiveram de livrar-se dos pais deles. Ou, pelo menos, tentaram.

O único impossível é o que julgarmos que não somos capazes de construir. Temos mãos e um número sem fim de habilidades que podemos fazer com elas. Nenhum desses truques é deixá-las cair ao longo do corpo, guardá-las nos bolsos, estendê-las à caridade. Por isso, não vamos pedir, vamos exigir. Havemos de repetir as vezes que forem necessárias: temos direito a viver. Nunca duvidámos de que somos muito maiores do que o nosso currículo, o nosso tempo não é um contrato a prazo, não há recibos verdes capazes de contabilizar aquilo que valemos.

Vida, se nos estás a ouvir, sabe que caminhamos na tua direcção. A nossa liberdade cresce ao acreditarmos e nós crescemos com ela e tu, vida, cresces também. Se te quiserem convencer, vida, de que é impossível, diz-lhe que vamos todos em teu resgate, faremos o que for preciso e diz-lhes que impossível é negarem-te, camuflarem-te com números, diz-lhes que impossível é não teres voz.

José Luís Peixoto

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

esbardalhar-me à grande

é algo que eu faço na perfeição (à excepção do primeiro significado que, eu cá, não sou de inconfidências).

ESBARDALHAR
v. tr.
1. Contar o que é ou não secreto; praticar inconfidência.
2. Zangar-se, falar em tom mais alto.
3. [Portugal: Trás-os-Montes] Estragar, desmoronar.
v. tr. e pron.
4. [Portugal, Informal] Ter um acidente (ex.: esbardalhou o carro na curva; esbardalhou-se a alta velocidade). = ESPETAR, ESTAMPAR
v. pron.
5. [Portugal, Informal] Dar uma queda (ex.: esbardalhou-se ao comprido na entrada do cinema). = ESPETAR

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

férias

chegaram e passaram mas, este ano, estarão sempre presentes. as férias que souberam a eternidade e felicidade. feita, como sempre, de coisas piqueninas. abraços. passeios na praia, deserta, ao final do dia. banhos de mar. conversas sem rumo. pistas para o futuro. reencontros. muitos. riso. crianças. gargalhadas. petiscos na esplanada. esbardalhanço monumental na praia. descobertas. expressões que para sempre marcarão estas férias. avó. as minhas girls. passeios até ao jardim no final do dia. matar saudades de sabores que ficam longe a maior parte do ano. amizades de sempre. sol. piscina. sestas. livros. e, a certeza, em que não se repetindo o tempo este foi um dos mais felizes da minha vida e eu soube-o na altura.

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